Os bovinos de raça Preta são animais de excepcional aptidão para a produção de carne em regime extensivo. Pelas características relacionadas com a elevada rusticidade já mencionadas anteriormente, são utilizadores preferenciais das zonas desfavorecidas.
A sua alimentação assenta no pastoreio, principalmente de pastos naturais, normalmente sob coberto de montado, restolhos de culturas cerealíferas, bolotas e produtos de desbaste dos montados. Quando as condições o exigem, há necessidade de administração de suplementos, consistindo estes normalmente em palhas e fenos, e muito raramente concentrados.
A pobreza dos solos e as condições climatéricas das regiões de produção destes animais, condicionam a produção forrageira. São regiões com um clima Mediterrânico, que se caracteriza por ser um clima temperado, com um Verão quente e seco, chuvas na estação fria e um Inverno moderado com precipitação anual entre os 500 e os 800 mm, concentrada essencialmente no período Outono-Invernal.
Estas condições climatéricas originam uma variação da produção anual de pastagem, pois a distribuição da produção de erva nas pastagens mediterrânicas no decorrer do período de crescimento é muito irregular, uma vez que 15 a 35% da produção anual é obtida entre o inicio das chuvas (Outono) e o mês de Fevereiro, sendo os restantes 65 a 85% obtidos entre Março, em que o crescimento da erva é exponencial, e o fim da estação de crescimento (fim da Primavera/inicio do Verão). Durante os 4 a 6 meses em que a pluviosidade é insignificante ou nula (Verão), a produção de erva é escassa, encontrando-se seca e consequentemente com baixo valor nutritivo, baixa digestibilidade e palatibilidade.
As espécies vegetais predominantes nas regiões de produção da raça são as seguintes:
Em relação aos solos que encontramos nas regiões de produção de raça Preta, pode dizer-se que nos encontramos na fronteira da velha meseta Ibérica com os terrenos areno-argilosos do pliocénico lacustre e aluviossolos modernos (várzeas dos rios). São solos predominantemente ácidos (reacção do solo com pH<6,5), que variam entre os cambissolos, os podzóis e litossolos e os fluvissolos.
A optimização do aproveitamento das condições deste sistema de produção bem como das características produtivas e reprodutivas dos próprios animais, só se poderá alcançar levando em conta os limites fisiológicos dos animais, de modo a adequar a esses limites os maneios alimentar e reprodutivo.
Apesar de existirem muitos criadores a explorar a raça em linha pura, outra grande parte recorre a touros de raças exóticas para efectuar cruzamentos industriais, nomeadamente das raças Charolesa e Limousine. Estas são raças de reconhecida qualidade para cruzar com as raças autóctones em termos de aumentos de produtividade obtidos de maiores pesos ao desmame e ao abate. Destes cruzamentos podem surgir vantagens também para as raças exóticas. Um exemplo destes benefícios é o que se obtém aquando do cruzamento de vacas de raça Preta com touros de raça Charolesa, em que esta última raça é muito beneficiada em termos de facilidade de partos.